terça-feira, 8 de maio de 2012

Obrigadinho!!!!! "sem espinhos"




Só nessas palavras posso mostrar que sou grato, e o quanto sou, e sou. Porque lá dentro mesmo, nas entranhas do meu corpo e da minha alma, a palavra não entra. Então, obrigado Lisboa: aquela cidade que foi o porto de Ulisses, entregou-se aos romanos e espantou os árabes; foi minha camisa e meu pão, minha rua nos dias de chuva e sol, meu cartão de passe do metrô, que me levou daqui pra lá, entre as quatro paredes do fado e das ruas apertadas da Baixa. Em alto e bom som digo que fui todos, sem querer ser Pessoa nenhum(a), sem deixar de estar com os olhos vendados nas calçadas, portuguesas sim, mas também belenenses, cariocas, recifenses, soteropolitanas... onde a África foi mais perto de mim, eu que sempre soube que não era, e foi mesmo assim; foi só andar pelo Martim Moniz e no Rossio, pegar os ônibus de segunda a sexta-feira, tomar café onde estivesse alguém com um sorriso triste atrás do balcão, mas um sorriso. Agora digo “obrigado” querendo falar “deixo-me aqui” e volto, num retorno do feliz e do melhor, da saudade; querendo ficar Bem, ficando Bem... assim Benfica.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

A Troika do Vinho



Se a notícia de que alguns produtores brasileiros de vinho querem sobretaxar a entrada dos vinhos portugueses no Brasil, para “proteger” o “nosso” produto nacional, não causou nem uma reação na mídia brasileira, ela aqui em Portugal alcançou um patamar nervoso no âmbito do comércio exterior do País de Camões. Tudo porque os produtores de vinho alentejano – uma das regiões vitivinicultoras mais importantes do mundo – podem perder o segundo maior mercado consumidor, que é o Brasil, atrás apenas (pasmem!) de Angola, que produz kuduro e consome vinho alentejano, pois. Apesar de o governo brasileiro ter acenado com uma negativa ao pedido formal já feito por produtores e empresários brasileiros do setor, o risco de prejuízo português existe. Trocando em miúdos, os brasileiros querem barrar e entrada dos vinhos portugueses – um dos mais competitivos do mundo, e dos mais saborosos também –, alegando que os portugueses “tomam” o mercado brasileiro, que seria destinado à comercialização do produto nacional. O problema é que a qualidade do vinho brasileiro nem se compara com a do lusitano; e para se chegar a provar um vinho nacional da mesma qualidade que a dos alentejanos, por exemplo, o consumidor tem que gastar muito mais dinheiro. Tudo isso para dizer que os vinhos portugueses, que já não são baratos no Brasil, podem ficar cerca de 30% mais caros. Enquanto isso, vamos ter que encher o bucho dos melhores vinhos aqui em Lisboa mesmo, pagando uma média de € 3,00 (cerca de R$ 8,00 a garrafa), por um produto que no Brasil já custa pra lá de R$ 40,00; e sabendo que lá vamos ter que nos contentar com os vinhos do Mercosul, com preço médio de R$ 15,00 e qualidade média também. É a Troika!!!

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Jader na surdina, pra não perder o hábito


Esta semana, Jader Barbalho re-assumiu sua cadeira no Senado Federal, reconduzido por honra e graça da Justiça feita em torno da famosa e polêmica Lei da Ficha Limpa. Na mesma circunstância, foi recondizido João Capiberibe ao mesmo cargo, mas não vou fazer comparação entre as carreiras de Jader e Capi, pois até mesmo os mais ávidos críticos deste reconhecem que aquele é mais nocivo à nação. Mas nem a re-assunção de uma figura emblemática da política brasileira, como Jader, da mesma igualha de um ACM, um Maluf e um Sarney, num Congresso em pleno recesso de fim de ano, assim na surdina, na manha, na maciota, na "moral", na mão-leve, chamaram tanto a atenção quanto as caretas manjadas que o filho do Jáder fez, ao lado do seu orgulhoso pai. Muitos psicanalistas tentarão descobrir as facetas do pai no filho, ou vice-versa, a partir das expressões faciais do garoto. Eu, humildemente, ponho minha mão nessa cumbuca pra entender o que poderia querer dizer as caretas do filho. Elas seriam um recado estúrdio ao Brasil e ao mundo sobre a fragilidade de nossas instituições, e a completa deriva em que nos metemos nessa democracia participativa, com um sistema eleitoral completamente falido e corrupto, sem contar a nossa histórica incapacidade de avaliar nossos representantes. Resultado: as caretas do Jáder, digo, filho, disseram claramente o seguinte: "Seus otários, olhem eu aqui outra vez"!!!!! E a gente tem que continuar chupando mais esse tucumã seco... e sem farinha!

sábado, 12 de novembro de 2011

O Pai do menino que olha para cima


Quando olhei para cima, pensei: “Caramba! Se eu tiver metade da tua beleza e sedução, terei um harém". Logo depois, retifiquei: “Mas se eu tiver isso tudo, serei o melhor partido do bairro. E se eu for esse partido, logo serei pedido em casamento; portanto, terei que escolher". Depois olhei de novo para cima e percebi, pelo olhar dele, que eu escolheria o amor pela família e o sentido de companheirismo; escolheria ouvir boa música e adquirir o que de mais agradável fosse aos ouvidos e ao espírito. Teria um certo humor sarcástico ou incurável. Seria um bom condutor de automóvel, mas nem tão ás nas questões financeiras. Tudo bem, confesso: eu torcia pela Tuna Luso Brasileira porque adorava ir com meu pai aos jogos no nosso Fusquinha ou na Kombi de um comerciante português que morava perto de casa. Era um asseio n’alma ver, à noite e ao longe, as luzes do Mangueirão já desde o Entroncamento. Mas eu não tinha culpa se a Tuna sempre perdia para um time de azul e branco, pelo qual passei a torcer inevitável e fervorosamente. Olhei pra cima e recebi o perdão por ter me desviado do caminho que ele traçara. E aprendi também que a vida tem caminhos e trilhas, mata e areia, lama e deserto, e que tudo é caminho, mesmo sem estrada. Aprendi “de cor e salteado” o Hino do Pará nas aulas de canto aos 9 anos, junto com meu irmão, de 6; e ele era professor exigente e sacana. Recebi outros perdões, como quando omitia as notas vermelhas no Colégio e dizia apenas as melhores, em Geografia e Redação, e só; assim como também quando demos o desdobro em nossa tia, em Mosqueiro, para jogar bilhar, na época da PATAM (o temível Patrulhamento Tático Metropolitano). Ele acabou sendo nosso parceiro de taco daquele dia em diante. Às vezes olho para cima e ainda penso: “Se eu não for pai, quero ao menos continuar sendo seu filho”.  

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Clarice adoescente...


Ainda trêmulo, sob o impacto da última entrevista de Clarice Lispector, concedida a Julio Lerner, da TV Cultura de São Paulo, em fevereiro de 1977. Foi no curso de Mestrado em Estudos Românicos, na aula da Profa. Clara Rowland – ontem à noite, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa –, que tive a chance de ver com clareza e ouvir com nitidez pela primeira vez Clarice em posição de defesa, ali enfadonha e genial na frente do entrevistador (ele, um domador iniciante que enfrenta o grande felino tendo a obrigação de fazer o show dar certo para o público). Cansada e triste (uma adulta, com voz de criança que ainda não domina todos os fonemas da língua), Clarice, a fera, morreria meses depois desse encontro, em dezembro de 1977, mas antes deixaria uma de suas sentenças mais esvoaçantes e certeiras: “Eu não sou uma profissional, eu só escrevo quando quero”. Sem querer, esse seria um recado àqueles que vivem às expensas de editoras e estúdios de cinema, como J. K. Rowling, Paulo Coelho, J. R. Tolkien, Stephenie Meyer, entre muitos outros que se arvoram em mostrar sua mais nova produção de sucesso, quase sempre o mais do mesmo, sem ser sucesso, tendo a obrigação de vender e ser... sucesso.   Ainda tremo, adolescente, aos pés de Clarice, adoescente.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Novo Terremoto de Lisboa


Ontem nosso Primeiro-Ministro (Pedro Passos Coelho) informou à nação que Portugal deverá cumprir algumas medidas de austeridade, na esteira da crise econômico-financeira que assola a Europa. Dentre as medidas impopulares (palavra que parece pleonasmo em se tratando de política econômica), destaco a supressão dos subsídios de Natal e de Férias até 2013, para o funcionalismo público. Ou seja: todos os funcionários públicos não receberão os esperados Décimo-Terceiro salário e as Férias. Fico aqui imaginando o impacto que tais medidas teriam se fossem tomadas no Brasil. Inimaginável. E ainda se encontra gente que diga que isso é um “sacrifício” que se tem que fazer pela nação. Patriotismo tosco, já que a fatura não deve ser paga pela população produtiva do país; mas será...  Além disso, nosso caro Passos Coelho (que quando coça o rosto faz “toc-toc”, de tão cara-de-pau que é) ainda tem o desplante de anunciar que o IVA (Imposto sobre Valor Agregado) subirá de 6 para 23%, para cerca de 50 itens, de café a bilhetes de cinema e futebol, de água mineral a enlatados. O anúncio do Primeiro-Ministro ainda nem foi digerido – mocotó mal-cozido quinze minutos antes de uma maratona –, mas uma greve geral e demissões já se podem vislumbrar como impactos imediatos desse novo terremoto, agora de proporções continentais. Ai de mim, que ganho em Real e gasto em Euro!

domingo, 9 de outubro de 2011

Internet para chamar a Morte


Um estudo revela que a Internet brasileira é mais lenta que a da Etiópia. OOOOOhhhhhhhhh!!! Não sei por que esse espanto todo, já que os corredores etíopes têm muito mais tradição no Atletismo do que o Brasil. Só pra abrir e fechar a questão: nos últimos Jogos Olímpicos, em Pequim, a Etiópia conseguiu 7 medalhas, sendo 4 ouros, 1 prata e 2 bronzes, e todas no Atletismo; enquanto o Brasil, na modalidade, obteve 1 ourinho, aquele da Maurren Maggi no salto em distância. Assim se explica nossa velocidade lerda da internet. Excelente no quesito de “Chamar a Morte”. A sorte dos outros países é que o COI ainda não autorizou a entrada dessa modalidade nos Jogos. Senão, senão...