terça-feira, 1 de novembro de 2011

Clarice adoescente...


Ainda trêmulo, sob o impacto da última entrevista de Clarice Lispector, concedida a Julio Lerner, da TV Cultura de São Paulo, em fevereiro de 1977. Foi no curso de Mestrado em Estudos Românicos, na aula da Profa. Clara Rowland – ontem à noite, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa –, que tive a chance de ver com clareza e ouvir com nitidez pela primeira vez Clarice em posição de defesa, ali enfadonha e genial na frente do entrevistador (ele, um domador iniciante que enfrenta o grande felino tendo a obrigação de fazer o show dar certo para o público). Cansada e triste (uma adulta, com voz de criança que ainda não domina todos os fonemas da língua), Clarice, a fera, morreria meses depois desse encontro, em dezembro de 1977, mas antes deixaria uma de suas sentenças mais esvoaçantes e certeiras: “Eu não sou uma profissional, eu só escrevo quando quero”. Sem querer, esse seria um recado àqueles que vivem às expensas de editoras e estúdios de cinema, como J. K. Rowling, Paulo Coelho, J. R. Tolkien, Stephenie Meyer, entre muitos outros que se arvoram em mostrar sua mais nova produção de sucesso, quase sempre o mais do mesmo, sem ser sucesso, tendo a obrigação de vender e ser... sucesso.   Ainda tremo, adolescente, aos pés de Clarice, adoescente.

3 comentários:

  1. Yurgel o mercado é assim!!! rsrsrs...

    O comunismo e amor a profissão só vão t deixar pobre e desiludido! ta na hr d fazer como esses escritores q citaste, começar a ganhar dinheiro pra gente visitar vcs!! rsrs

    ;*

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  2. Sei disso, mas não sei se ainda vou me desvencilhar do romantismo, quase chegando aos 40. Ainda acredito nas pessoas e na artes, fazer o q? "Pobre de mim..." rsrs

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  3. Que video!! muito bom! Interessante ela se definir como "tímida e ousada", me lembra alguém!!! rsrs

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