Só nessas palavras posso mostrar que
sou grato, e o quanto sou, e sou. Porque lá dentro mesmo, nas entranhas do meu corpo
e da minha alma, a palavra não entra. Então, obrigado Lisboa: aquela cidade que
foi o porto de Ulisses, entregou-se aos romanos e espantou os árabes; foi minha
camisa e meu pão, minha rua nos dias de chuva e sol, meu cartão de passe do
metrô, que me levou daqui pra lá, entre as quatro paredes do fado e das ruas
apertadas da Baixa. Em alto e bom som digo que fui todos, sem querer ser Pessoa
nenhum(a), sem deixar de estar com os olhos vendados nas calçadas, portuguesas
sim, mas também belenenses, cariocas, recifenses, soteropolitanas... onde a
África foi mais perto de mim, eu que sempre soube que não era, e foi mesmo
assim; foi só andar pelo Martim Moniz e no Rossio, pegar os ônibus de segunda a
sexta-feira, tomar café onde estivesse alguém com um sorriso triste atrás do
balcão, mas um sorriso. Agora digo “obrigado” querendo falar “deixo-me aqui” e
volto, num retorno do feliz e do melhor, da saudade; querendo ficar Bem,
ficando Bem... assim Benfica.